As irmãs de Napoleão Bonaparte
Três mulheres dotadas de atributos como beleza,energia,charme e inteligência,foram testemunhas e personagens privilegiadas de uma Época. Não faziam parte apenas de “uma corte”, eram mulheres envolvidas na política e na origem de grandes acontecimentos.
Desde jovens, Elisa, Pauline e Caroline foram casadas estratégicamente por seu irmão Napoleão Bonaparte, com príncipes e generais, que sacralizassem seu Império na Europa, principalmente na Itália.
Essas três mulheres vão se fazer notar por suas escolhas políticas, mas sempre colocando na frente seus gostos diferenciados pela Artes e Ciências.
Graças às suas três irmãs, Napoleão Bonaparte conquistou a Itália de uma maneira pacífica e se tornou o rei em 1805.
Elisa (1777- 1820), princesa de Piombino e de Lucca, depois grã -duquesa da Toscana. Quadro de Joseph Franke
Pauline Bonaparte Borghese (1780-1825), esposa do príncipe romano Camille Borghèse. Quadro de Robert Lefèvre 1809
Caroline Bonaparte Murat (1782-1839), esposa do Gal.Joaquim Murat e Rainha consorte do Reino de Nápoles. Quadro de Salomon Guillaume Counis
Pauline Bonaparte Borghese pintada por Marie Gillemine Benoist
A segunda das irmãs Bonaparte, Paulina (1780-1825), é um símbolo da beleza de seu tempo. Todos concordam e são testemunhas da sua graça, elegância , sempre vestida na última moda. Irmã preferida de Napoleão , ele a nomeou em 1806, duquesa soberana de Guastalla.
Como disse o próprio irmão, Napoleão, ela foi “a mais maravilhosa criatura do Império” e a sua vida foi mais agitada que a de uma deusa do Olimpo. A sua beleza era um mito. Pauline era belíssima, dona de um sorriso de dentes perfeitos. Caprichosa e sensual, amou e deixou-se amar por homens de todas as condições sociais. Napoleão tratava-a carinhosamente por Paoletta.
Pauline Bonaparte Borghese pintada por Salomon Guillaume Counis
Casou-se aos 17 anos com o Gal. Leclerc de 25 anos, mas sua natureza sedutora fez com que suas aventuras continuassem.
Napoleão para acabar com os rumores, manda o general numa missão para o Haiti a fim de pôr termo a uma revolta de negros, onde morre de febre amarela . Pauline também adoece e volta a Paris.
Mais uma vez Napoleão decide casar a irmã, e agora com alguém que pudesse sustentar os seus luxos.
Príncipe Camilo Borghese
A belíssima noiva então, pela segunda vez, aos 22 anos, num lindo dia de Agosto de 1803, casa-se com um dos homens mais ricos e da mais antiga nobreza de Roma: O príncipe Borghese, possuidor de palácios luxuosos e com uma rica coleção de obras de arte.
Pauline era agora uma verdadeira princesa e viveu e gastou de acordo com o seu novo status. Jóias, vestidos caríssimos, palácios e, por acréscimo amantes, todos os que lhe podia trazer alegria e prazer.
Venus Victrix de Canovas
Porém Pauline não se sentia bem em Roma, onde se entendiava, embora vivesse no maravilhoso palácio Borghese, recheado de obras de arte e com vários criados. Tinha saudades de Paris, no entanto foi nesse palácio, agora também seu, que Pauline passou à imortalidade, quando posou quase nua para o escultor veneziano, a serviço de Napoleão, Antonio Canovas (1757-1822).
Pauline foi primorosamente esculpida, numa pose onde repousa como Vénus reclinada, com o torso nu, onde se pode apreciar toda a sua escultural figura.
Manto de Pauline Borghese
Pauline separou-se do marido, que aguentou estoicamente muitas das suas
excentricidades. Regressou a Paris, aos salões, aos bailes e às caçadas. Estava feliz. Surge uma nova paixão: O famoso ator Talma.
Bolsa de Pauline Bonaparte Borghese (com o nome gravado)
Depois… mais outros amores. Pauline vivia como uma princesa rodeada de jóias, belos vestidos e amantes, entre eles o violinista Niccolò Paganinni.
Depois da derrocada de Napoleão, ela vendeu tudo o que tinha e se mudou para Elba, usando esse dinheiro para melhorar as condições de vida de seu irmão querido. Vendeu as jóias e tentou que os ingleses a deixassem partir com ele.
Pauline e o príncipe de Borghese vão se reconciliar e voltam a viver juntos em 1825, só que a conta chegou para uma vida dissipada e sem regras, e fez com que Pauline morresse cedo com apenas 45 anos.
Elisa Bonaparte Baciocchi pintada por Marie Guillemine Benoist
Elisa Bonaparte (1777-1820) não foi apenas notável por ser a irmã do Imperador dos franceses. Era uma mulher de temperamento forte e embora ambiciosa mostrou-se muito empreendedora. Elisa estudou oito anos no famoso colégio de Saint-Cyr (mais tarde passou a colégio militar), foi criado por Madame de Maintenon, favorita do rei Luís XIV e depois rainha de França. Aprendeu boas maneiras e literatura. Leu muito e adorava o poeta Racine. Segundo os biógrafos da família Bonaparte, ela era a mais parecida de gênio com o Imperador, motivo dos atritos constantes.
Ela se casou com Félix Pasqual Baciocchi, um membro da nobreza córsega. No dia 1 de Maio de 1797, foi feito Príncipe Francês, Duque de Lucca e Príncipe de Piombino e Príncipe de Massa-Carrara e La Garfagnana
Elisa se tornou representante do Imperador na Itália , aplicou-se em desenvolver as indústrias do país. A língua afiada causava problemas na relação dela com o seu irmão Napoleão.
Elisa e seu marido no meio de sua pequena corte.
Elisa rodeou-se de numerosa corte e fez questão de importar a Etiqueta de Corte das Tulherias. Começou a construir palácios e os recheava com preciosidades. Nas paredes colocava relógios de Le Roy e nos vastos salões podiam se encontrar esculturas de Canovas e Bartolini. . Para ganhar mais dinheiro, abriu uma sala de jogo, que Napoleão mandou rapidamente encerrar. Esta mulher caprichosa, com a mania de grandeza, acabou por manifestar uma aptidão fantástica como empresária. Contratou engenheiros para abrirem estradas, mandou vir da França bichos da seda para iniciar uma cultura de seda, reorganizou as forças de segurança da sua cidade e até os presos da penitenciária foram obrigados a trabalhar. Meteu-se em inúmeros negócios, entre outros, o monopólio da pesca do atum. Porém, onde verdadeiramente fez fortuna, foi na exploração do mármore de Carrara. Muitos dos “grandes” do Império ficaram imortalizados nos “seus” mármores. Dava trabalho a escultores e com isso faturava também. Mesmo não sendo bonita como suas irmãs, Elise teve um número considerável de amantes.
Felix Baciocchi pintado por Joseph Franke
De todas as irmãs, Elisa era a que realmente tinha Poder Político.Ela que administrava e exercia o poder sobre Lucca e Piombino, Felix tinha um papel menor e se encarregava de ações militares. Viviam sob o mesmo teto, mas com vidas separadas.
Xícara com o rosto de Elisa esculpido (Genori di Doccia)
Graças ao seu amor pela arte, personagens como Antonio Canovas vieram à Florença executarem grandes obras de arte. À Elisa Baciocchi Bonaparte, que permaneceu no trono da Toscana até 1814, se deve importantes obras para erradicar a malária na Maremma.
Durante o apogeu do Consulado Napoleônico, Elisa e seu irmão Lucien, abriram um salão artístico e literário no Hotel Brissac, onde ela conheceu Louis de Fontanes com quem manteve uma profunda amizade durante muitos anos. Muitos escritores que começaram a sua vida intelectual em Paris como o próprio Balzac, músicos e pintores vindos da província estavam sempre em seus salões.
Em 18 de maio de 1804, o Senado votou a favor do Primeiro Império Francês, Elise e suas irmãs tornaram-se membros da Família Imperial, sendo tratadas como Sua Alteza Imperial.
Caroline Bonaparte Murat e Joaquim Murat
Maria Anunciada, chamada Caroline (1782-1839) casou em 1800 com um dos mais famosos generais de Napoleão, Joaquim Murat, a quem o imperador concedeu, em 1806, o título de duque de Berg e de Clèves. A amizade entre Murat e Napoleão era tão forte, que consta ser este o único general que podia tratar o imperador por “tu”. Murat era forte como um touro e não tinha propriamente as maneiras de um cavalheiro, mas encheu-se de glória nas campanhas militares.
Caroline era uma boa administradora dos seus bens e enquanto viveu em Nápoles incentivou as escavações de Pompéia.
Afresco de Pompéia, coleção de Caroline Bonaparte Murat.
Como reis, Murat e Caroline fizeram vida de estadão com festas principescas. Murat, na sua visão de general, não apoiou o cunhado imperador na Campanha da Rússia, onde pereceu grande parte do exército napoleônico. Depois da derrota de Napoleão, em Waterloo em 1815, Murat foi destronado pelos homens de Fernando IV de Bourbon, senhores de Nápoles antes da investida dos Bonaparte. Ao tentar recuperar o trono é fuzilado. Caroline ficou viúva com 33 anos e mãe de quatro filhos: Napoleão Aquiles, Letícia, Luciano e Luísa todos de sobrenome Murat e todos usavam o título de príncipes. Caroline não se deixou abater, retirou-se para o castelo de Baimburg, perto de Viena e ali se ocupou da educação dos filhos.
Caroline Bonaparte Murat e seus filhos
Caroline Murat, Queen of Naples – Jean Auguste Dominique Ingres, 1814
“La toilette avant le sacre” Hector Viger 1865
As irmãs Bonaparte passaram à posteridade em numerosas peças de arte, que encontramos na França, Itália e coleções privadas. Elisa, Caroline e Pauline deixaram o seu nome impresso no 1º Império francês.