Expressionismo Abstrato

Artes Plásticas

“Abstract Expressionism” é um marco na História da Arte Mundial, especialmente na Arte Moderna.Assim como o Cubismo ,êle representa um momento revolucionário, de revisão da pintura antes e depois.

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O Expressionismo Abstrato foi um movimento que floresceu em Nova York a partir de 1940 e acabou exercendo forte influência sobre a Europa nas décadas de 50 e 60 desse século.

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Franz Kline

Foi o primeiro movimento que seguiu o caminho inverso do tradicional: em vez de seguir da Europa para a América, foi da América para a Europa.
Entretanto, esse termo já era utilizado para alguns trabalhos de Kandinsky, em especial os do começo de sua carreira. Anunciava o surgimento de uma arte “verdadeiramente norte-americana”, com forte domínio do subconsciente.

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Willem de Kooning “Door to the river” 1960 Collection of Whitney Museum

Guiados pelo automatismo
O automatismo, conceito forte em movimentos como o Surrealismo, aqui também encontra-se presente, principalmente na forma das Action Paintings, e tinha, entre seu principal expoente, Jackson Pollock.

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Jackson Pollock

As principais características do Expressionismo Abstrato eram a revolta contra a pintura tradicional, a liberdade e a espontaneidade.
Quanto à espontaneidade, em especial, as Action Paintings de Pollock – outro nome pelo qual é conhecido o Expressionismo Abstrato, ou seja, um método de pintura que privilegiava a rapidez da execução, a espontaneidade “eruptiva” e condenava a premeditação – são bastante bem sucedidas.

O termo expressionismo abstrato, entretanto, acabou ainda sendo aplicado à obra de artistas como Willem de Kooning (nascido na Holanda) e Mark Rothko (nascido na Rússia).

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Willem de Kooning

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Mark Rothko

Pollock molhava os pincéis com tinta e não impunha contato direto entre a tela e o pincel, apenas deixava a tinta pingar e deslizar pela tela, criando um resultado um tanto inovador. Foi considerado como farsa por muitos, mas teve seu grande momento na crítica de arte e a aprovação de bons pintores que eram seus contemporâneos.
De temperamento difícil, misantropo, semi-exilado e alcoólatra, Pollock teve muito mais baixos que altos e morreu num acidente de carro aos 44 anos. Estava com sua namorada, bem mais nova e groupie de pintores, Ruth Kligman. Ela sobreviveu.

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Jackson Pollock

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Jackson Pollock

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Livro “Expressionismo Abstrato” David Anfam Ed.Martins Fontes

O expressionismo abstrato foi o movimento artístico mais importante desde a Segunda Guerra Mundial. Embora seja muitas vezes considerado uma revolução que atingiu somente a pintura – pois as imagens criadas por artistas como Jackson Pollock, Clyfford Still, Willem de Kooning e Mark Rothko são extraordinárias -, seu espírito radical também influenciou a escultura de David Smith e a fotografia de Aaron Siskind. Ao lado de outros artistas fundamentais como Barnett Newman e Franz Kline, eles formaram um núcleo que se uniu não somente para se contrapor às tensões da sociedade americana a partir da década de 1930, mas também em torno do objetivo de forjar uma nova linguagem visual. Levando em conta estudos mais recentes, David Anfam explora as implicações políticas e o contexto cultural do movimento, lançando nova luz sobre as obras produzidas.

David Anfam é historiador e crítico de arte. Escreveu vários livros, entre os quais Franz Kline: Black & White: 1950-1961 (1994), Mark Rothko: The Works on Canvas – A Catalogue Raisonné (1998) e Anish Kapoor (2009). Em 2008, foi curador da primeira exposição organizada pela galeria Haunch of Venison em Nova York: “Abstract Expressionism: A World Elsewhere”. Anfam é membro do conselho do Museu Clyfford Still, em Denver, e ganhador do Prêmio Mitchell de História da Arte (2000) e do Prêmio Umhoeffer por Realizações nas Áreas de Humanidades (2009).

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Robert Motherwell

A arte norte-americana, no período posterior à Segunda Guerra Mundial passava por um período de confusão e incerteza. As calamidades sociais e políticas geradas pela guerra afetaram profundamente os jovens artistas europeus e americanos.
Os artistas buscavam urgentemente um novo enfoque para resolver o que parecia ser uma crise de temática nas artes.
“a situação era tão ruim que me sentia impelido a experimentar qualquer coisa absurda que aparecesse pela frente”. Adoph Gottlieb
Ele, assim como seus colegas, estava se aproximando de uma estética que repudiava a hegemonia do intelecto e que permitisse ao artista uma expressão livre e subjetiva. Outro pintor, Robert Motherwell afirmou ainda: “precisávamos de uma experiência sensitiva: intensa, imediata, direta, sutil, unificada, cálida, vívida, rítmica”.

Arshile Gorky

Arshile Gorky

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Clyfford Still Obra no Clyfford Still Museum

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Clyfford Still

Na década de 1930, muitos pintores europeus famosos mudaram-se para os Estados Unidos entre eles Max Ernst, Hans Hofmann, Fernand Léger, André Masson, Piet Mondrian. Esses artistas fixaram-se em Nova Iorque e influenciaram muitos jovens pintores norte-americanos. Em 1943 o encontro de mestres europeus mais velhos e pintores norte-americanos mais novos produziu o movimento mais significativo da pintura moderna dos EUA – o Expressionismo Abstrato.

O Expressionismo Abstrato Europeu

Na Europa se desenvolveu um expressionismo abstrato que tinha preocupações intelectuais.
Sua expressão artística foi menos radical que na América, sua dramaticidade está mais diretamente relacionada com estado de espírito expresso na França pelo existencialismo.
Suas telas contém um clima mórbido com um caráter mais introspectivo do que o expressionismo de seus colegas americanos.
Ao invés da pesada carga de revolta visível nas obras da Escola de Nova Iorque, os artistas europeus eram mais identificados com as meditações sobre a condição humana, o mal estar que consistiria num “existir”, que não era um “viver”.
Uma expressão mais dominada pela melancolia e imobilidade do que a revolta expansiva dos americanos.
O pintor mais típico desse estilo era um alemão conhecido pelo nome de Wols, pseudônimo de Alfred Otto Wolfgang Schulze
Alem dele, igualmente importante foi o alemão Hans Hartung, os franceses Jean Fautrier e Jean Dubuffet, os italianos Antonio Burri e Lucio Fontana e o catalão Antoni Tapiês, entre outros.

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Jean DuBuffet (1901-1985)

Fondation Dubuffet

Jean DuBuffet 1946

Para finalizar este artigo, vou repetir um pouco daquilo que já foi dito acima e que nem de longe retrata a realidade vivida no pós-guerra , mas que dá uma amostra da crescente riqueza da Arte que sempre se utiliza da Vida para Recriar e Inovar!!!

Se é difícil falar em único estilo diante da diversidade das obras produzidas, algumas figuras e técnicas acabam diretamente associadas ao expressionismo abstrato, por exemplo, Pollock e sua “pintura de ação” [action painting]. Ele retira a tela do cavalete, colocando-a no solo. Sobre ela, a tinta é gotejada e/ou atirada ao ritmo do gesto do artista, que gira sobre o quadro ou se posta sobre ele. A nova atitude, física inclusive, do artista diante da obra subverte a imagem do pintor contemplativo e mesmo a do técnico ou desenhista industrial que realiza o trabalho de acordo com um projeto prévio. Descartada também está a noção de composição, ancorada na identificação de pontos focais na tela e de partes relacionadas. A obra de arte, fruto de uma relação corporal do artista com a pintura, nasce da liberdade de improvisação, do gesto espontâneo, da expressão de uma personalidade individual. As influências do automatismo surrealista parecem evidentes. Aí estão a mesma ênfase na intuição e no inconsciente como fonte de criação artística, embora permeada por uma forte presença do corpo e dos gestos. Nas formas alcançadas, nota-se a distância em relação à abstração geométrica e as afinidades com o biomorfismo surrealista, no qual as formas obtidas – próximas às formas orgânicas – enfatizam as ligações entre arte e vida, entre arte e natureza.

Os emaranhados de linhas e cores que explodem nas telas de Pollock afastam qualquer idéia de mensagem a ser decifrada. Do mesmo modo que os quadros de Rothko, com suas faixas de pouco brilho e sutis passagens de tons, ou mesmo as soluções figurativas de De Kooning, não querem oferecer uma chave de leitura. A ausência de modelos, a idéia de espontaneidade relacionada ao trabalho artístico e o gesto explosivo do pintor que desintegra a realidade não impedem a localização de problemáticas que pulsam nas obras produzidas. A preocupação com um retorno às origens, interpretada como busca de forças elementares e emoções primárias, é uma delas. A isso liga-se o interesse pelo pensamento primitivo – visto como alternativa à racionalidade ocidental -, a retomada de heranças arcaicas e certa concepção de natureza como manancial de forças, instintos e metamorfoses.

No Brasil, seria arriscado pensar em seguidores fiéis das pesquisas iniciadas pelo expressionismo abstrato. Embora certos críticos aproximem as obras de Manabu Mabe (1924 – 1997), Tomie Ohtake (1913) e Flavio-Shiró (1928) dessa vertente, elas parecem se ligar, antes, ao tachismo ou ao abstracionismo lírico, que conheceu adesões variadas entre nós, seja em Cicero Dias (1907 – 2003), seja em Antonio Bandeira (1922 – 1967). Nos anos 80, observa-se uma apropriação tardia da obra de De Kooning na produção de Jorge Guinle (1947-1987)

Robert Motherwell - Untitled (Ultramarine), 1974

Robert Motherwell

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Mark Rothko

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